sábado, 5 de dezembro de 2009

...QUE CONQUISTES A TI MESMO



O grande mar estava bravio, sentia em todo o corpo, o retumbar das ondas nas rochas, o vento trazia uma neblina salgada, formada pela força da água nas pedras, era uma noite de tempestade, minhas mestras sabiam disso, por isso me levaram, eu precisava passar por isso. Ficamos sentados no chão com as pernas cruzadas de frente para o mar e em silêncio, no meio de todo aquele barulho, ao menos a idéia era essa. Quanto a mim, é claro, o que menos eu conseguia era fazer silêncio. Minhas pernas queriam sair correndo na frente de meu corpo; tamanho era o medo. Quando eu estava quase desistindo, a cena que vi de repente foi algo de tirar o fôlego: Era realmente um momento mágico. As nuvens negras se abriram, deixando passar a luz da lua cheia, lá estava ela, maravilhosa, toda luz e brilho iluminando intensamente o que a pouco era puro breu. Meu coração pulsava em paz e eu podia enxergar; via Isla e Mama, podia saber onde estava e onde elas estavam; era muito bom não sentir mais medo. Foi neste momento que Isla olhou para mim e com meio sorriso perguntou: _ Por que não consegues fazer silêncio? Eu apontei a lua, sorrindo, relaxado e a vontade, quando Isla perguntou novamente: _ Tu não a conheces? Respondi que sim, meio sem graça. _ Então Raul. _ disse ela. _ Por que a surpresa? Mais que depressa respondi que era porque estava escuro e ela tinha aparecido, me dando conforto e paz com sua luz. Isla se virando, novamente de frente para o mar, disse que a lua estaria sempre lá, independente da minha presença, indiferente a que eu a visse ou não, e na ausência de luz, a escuridão também estaria presente, indiferente também aos meus medos, e o que importava realmente, era que eu conseguisse encontrar a minha paz e a minha luz, na ausência dos dois. Este era o objetivo, para isso estávamos lá. Nosso desejo, é que conquistes a ti mesmo.

Texto do livro UM TOQUE DE VIDA

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